Rico em Nome de Deus

Muita coisa anda por aí como sendo de Deus mas não é.

“Em nome de Jesus eu ordeno, eu faço, eu falo …”, 

advogam tantos fraudadores do Altíssimo. Já no Antigo Testamento isto foi denunciado por Deus quando seu santo nome estava sendo usado para avalizar coisas que não tinha ordenado:

“Esses profetas estão profetizando mentiras em meu nome. Eu não os enviei, nem lhes dei ordens e nunca lhes disse nada. As suas visões são mentiras, e as suas adivinhações não valem nada” (Jr 14.14). 

Dias atrás recebi um convite para participar numa pirâmide de dinheiro, com um nome bem interessante: Marketing Multinível Cristão. Enviando 2 reais para a pessoa, em 90 dias receberia 300 mil reais provindos de uma rede de pessoas. Este sonho lotérico não chamaria atenção se não fossem as palavras de incentivo para entrar na pirâmide: “será um novo meio de arrecadar fundos para o seu ministério. Você já parou para pensar que este programa pode ser resposta de Deus para suas orações? Então pense nisso. Quando eu recebi este convite eu tinha as mesmas dúvidas que você. Mas com a fé que eu tive em Deus, aceitei esse desafio que me foi proposto. E eu tenho sido abençoada. Tenho também a certeza de que você será”.

Em nome de Deus muita promessa fraudulenta vem enganando tanta gente, aproveitando-se o ponto mais fraco das pessoas – o dinheiro. Os dois reais da pirâmide, ou aquele ofertado “para Deus” na promessa de ganhar o dobro, é a mesma coisa em relação àquele jogado na loteria, jogo do bicho, bingo, corrida de cavalo etc. Não é apenas um dinheiro sistematicamente jogado fora e que renderia uma boa poupança. Mas sobretudo constitui um pecado alimentado pela ganância. Tanto nos jogos de azar (e azar mesmo) como pelas promessas dos falsos profetas da prosperidade, está presente este velho pecado da ganância, um dos mais condenados por Deus, já que traz tanta injustiça, corrupção, egoísmo, criminalidade, obsessão, e tantos outros males da sociedade. O mais grave, porém, é este uso indevido do nome de Deus. O apóstolo Pedro alertou contra este tipo de gente ao escrever:

“… vão aparecer falsos mestres entre vocês. Eles ensinarão doutrinas destruidoras e falsas … Em sua ambição pelo dinheiro, esses falsos mestres vão explorar vocês, contando histórias inventadas” (2 Pedro 2.1,3).

Não é por menos que Jesus ensinou na primeira petição do Pai Nosso: “santificado seja o teu nome”. Martinho Lutero, explicando esta petição, diz que santificamos o nome de Deus

“quando a palavra de Deus é ensinada clara e puramente e nós, como filhos de Deus, também vivemos uma vida santa, em conformidade com ela”. 

A própria vida do cristão é a assinatura, a marca registrada de Deus no mundo onde vive, juntamente com aquilo que prega e testemunha. Mas para esta propaganda de Deus, o cristão precisa conhecer o que Deus disse em sua palavra para “não ser mais como criança, arrastado pelas ondas e empurrado por qualquer vento de ensinamentos de pessoas falsas” (Efésios 4.14).

Também alertando o jovem pastor Timóteo contra as falsas doutrinas, o apóstolo recomenda:
“É claro que a religião é um meio de enriquecer, mas só para a pessoa que se contenta com o que tem …

Se temos comida e roupas, fiquemos contentes com isso. Porém, os que querem ficar ricos caem em pecado ao serem tentados, e ficam presos na armadilha de muitos desejos tolos, que fazem mal e levam as pessoas a se afundarem na desgraça e destruição” (1 Timóteo 6.6,8,9).

Pastor Marcos Schmidt
e-mail: marsch@terra.com.br
Igreja Evangélica Luterana do Brasil
Pelotas(RS), 20 de agosto de 2002
Autor: Pastor Marcos Schmidt